O amanhã está tão cheio...
De poesias não acabadas
De paisagens ainda não admiradas
Músicas pra serem escritas
Cartas pra serem enviadas
O amanhã está tão cheio...
De cheiros, cores, testes
De sabores para experimentar
De histórias a serem recontadas
De jardins para plantar
Amanhã vou usar aquela boina
E vou deixar minha barba crescer
Amanhã não passo naquela vitrine
Sem comprar aquele doce que não deixo ver
Amanhã vou para Índia,
Vou ser monge durante um ano
Amanhã vou ser poeta marginal
Cantor de rua, vendedor de flores
Ah! Quem me dera que amanhã
Eu esquecesse que aprendi que falhar não é belo
Eu esquecesse as lições de que importante
É sempre o importante para os outros
Mas o amanhã é como um velho armário
Na despensa, no porão, no quartinho esquecido
Nele despenso inutilezas
Nele estoco riquezas
Para um tempo que não chega nunca
Nele envelhecem sonhos
Belezas e bobagens
E tanto do que eu mais desejo
Do que eu mais aprecio, e todas as paisagens
De um pensamento não vivido
Amanhã tem poesia
Só poesia, eu juro,
Amanhã será o dia
Da poesia de amanhã
Ítalo
Bologna, Maio 2015
Muito bom! Adorei!
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